terça-feira, 17 de junho de 2014

Brasil 2014: Alemanha humilha Portugal no jogo de estreia do Grupo G

in abola.pt
Na estreia da selecção portuguesa no Mundial, pior era impossível, apesar de previsível: uma pesada derrota por 4-0 frente a uma Alemanha mais fresca e mais esclarecida que deixa Portugal a depender de terceiros para passar à fase seguinte.

A juntar ao mau resultado e à péssima exibição, duas lesões musculares e um expulsão complicam e de que maneira as opções conservadoras de Paulo Bento. Primeiro, foi Hugo Almeida que se lesionou na coxa esquerda (28'), substituído por Éder. Mas, diga-se de passagem, que o avançado português foi uma autêntica nulidade, a começar pela forma como desperdiçou a primeira oportunidade da partida logo aos 5'.

Depois, João Pereira fez de central e cometeu grande penalidade ao agarrar Gotze (11'). Na conversão, Muller fez o 1-0.


A seguir, Pepe hipotecou as hipóteses de recuperação da selecção lusa, de forma completamente despropositada. Depois de afastar com o braço o avançado alemão, sem que o árbitro tenha assinalado a falta, voltou atrás e foi tirar satisfações, acabando por agredir com a cabeça Muller, acabando por ver o vermelho directo, uma vez que o árbitro assistiu ao incidente.

Mas já antes Pepe não demonstrava estar bem. Em primeiro lugar, é questionável a sua titularidade, quando não foi convocado nos últimos jogos de preparação por motivo de lesão. Em segundo lugar, fez um atraso despropositado para Rui Patrício (9'), obrigando o guarda-redes luso a aplicar-se para evitar o canto. E este, apertado, entrega a bola a Khedira, mas felizmente este erra a baliza. Durante a partida até à expulsão, discutiu várias vezes com Bruno Alves e falhou na marcação aos alemães, estando, inclusive, na origem do segundo golo da Alemanha (32'). Hummels saltou mais alto do que Pepe, mas convém dizer que Bruno Alves também não está isento de culpas, pois não intercepta o cruzamento.

Com a expulsão à passagem do minuto 37, Paulo Bento recuou Raul Meireles, que substituiu o central luso-brasileiro até ao final da primeira parte. Opção que se revelaria desastrosa, pois o médio português não tem rotina de central. Mesmo no cair do pano (45'+1), Muller aproveita um corte deficiente de Bruno Alves e faz o 3-0. Paulo Bento acaba por fazer a substituição que se pedia aos 45+3, sacrificando Miguel Veloso e fazendo entrar Ricardo Costa.

in lancenet.com.br
Na segunda parte, esperava-se outra atitude por parte dos pupilos de Paulo Bento. Mas a falta de frescura física evidente perante as altas temperaturas fez-se notar uma vez mais. A somar, quando Fábio Coentrão parecia estar a melhorar, eis que o defesa esquerdo se lesiona, não devendo jogar mais na fase de grupos, tal como Hugo Almeida. Nesse momento Paulo Bento preparava-se para fazer entrar Hélder Postiga, mas foi obrigado a optar pela inclusão de André Almeida.

Tudo corria mal a Portugal na "melhor" fase de Portugal. Pouco depois, o árbitro tem o seu único erro grave, ao não assinalar grande penalidade sobre Éder, rasteirado por Höwedes, quando tentava a recarga a um remate de Nani que Neuer defendeu para a frente. Nos protestos, dos jogadores portugueses, o árbitro voltou a estar mal ao não admoestar Ronaldo, face à veemência dos seus protestos.


E o jovem jogador adaptado a lateral esquerdo ficaria também ligado ao quarto e último golo da Alemanha, ao deixar escapar Schurrle (78'). Este centra rasteiro, Rui Patrício não agarra e Muller, no sítio certo, só teve de empurrar para a baliza (4-0).

Estava consumada a goleada histórica, o pior resultado de Portugal numa fase final de um Mundial. Para além do azar das lesões, fica manchada a imagem de uma selecção que ocupa o 4.º lugar do ranking FIFA. Sobretudo depois do comportamento de Pepe que levou à sua expulsão. mas também pela exibição paupérrima.

Balanço final

Praticamente ninguém jogou bem. Meireles e Moutinho passaram ao lado do jogo. Ronaldo apenas foi dando um ar da sua graça nos três livres directos que Portugal dispôs, sendo que apenas um chegou à baliza, e porque, sendo o local da falta a meio do meio-campo germânico, a Alemanha colocou apenas um jogador a fazer a barreira. Pior esteve a defesa com sucessivos erros e desentendimentos. Na frente, os portugueses revelaram-se muito perdulários, casos de Hugo Almeida, Nani, Miguel Veloso e Fábio Coentrão, este último a preferir passar a bola quando tinha tudo para rematar à baliza. Atitude que pareceu estar presente em todos os jogadores que quase sempre optaram por tentar fazer a bola chegar a Cristiano Ronaldo.

in copadomundo.com.br
Vale a pena questionar por que razão Portugal não fez o mesmo que a Alemanha em termos de preparação para o jogo inaugural. Pois enquanto que a Alemanha fez questão de se hospedar num local com as mesmas características ao nível do clima (temperatura e humidade), treinando sempre à hora de maior calor (uma hora da tarde), Portugal treinou sempre de manhã "pela fresquinha". Foi a última selecção a chegar ao Brasil, preferindo efectuar os último jogos de preparação no Estados Unidos, com um clima mais ameno. Também optou por ficar hospedado fora do triângulo em que se realizam as partidas da fase de grupos (Campinas), onde o clima é mais fresco.

Tudo isto revela a má preparação da selecção nacional, conjugada com uma euforia sempre desmedida por parte dos nossos adeptos, órgãos de comunicação social, que vira as atenções para o populismo de Cristiano Ronaldo, eleito o "melhor jogador do mundo".

Embora seja prematuro dizer que Portugal já está arrumado, enquanto for matematicamente possível, há que acreditar na capacidade de resposta da Selecção que parece jogar melhor sob pressão. Seguem-se os jogos contra os Estados Unidos (22-06-2014, 23:00) e o Gana (26-06-2014, 17:00).

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