As atenções neste momento de desilusão perante a fraca prestação da selecção portuguesa no Mundial do Brasil 2014 centram-se em Cristiano Ronaldo, o capitão de Portugal eleito, este ano, o Melhor Jogador do Mundo pela segunda vez. E tudo graças à forma como mudou o seu discurso em tão pouco tempo, entre a véspera do jogo com a Alemanha (em que Portugal perdeu por 0-4) e o empate frente à selecção dos Estados Unidos (2-2).
Enquanto capitão e porta-voz da selecção, Cristiano Ronaldo antecipou o jogo com a Alemanha com um discurso ambicioso e optimista, procurando contrariar as evidências relativas à sua condição física, afirmando: "Pode acontecer estar desgastado, porque no futebol tudo é possível. Mas não acho que irá acontecer. Queria estar a 110%, mas estou a 100%. É o suficiente para ajudar a seleção. Obviamente que é um dado curioso, mas vou tentar mudar essa situação".
Questionado sobre o histórico de partidas entre as duas selecções, em que a Alemanha venceu os três últimos embates, CR7 adiantou: "Esta é outra realidade, um campeonato diferente e com muitos jogadores novos. Contas só no final. A selecção está bem, confiante e temos esperança num bom Mundial. Está tudo bem". E rematou: "Este vai ser o ano de Portugal. A história vai começar a mudar amanhã."
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No dia do jogo com a Alemanha, Ronaldo na sua página do Facebook, reforçando o discurso do dia anterior: "Hoje, quando a nossa epopeia finalmente começar, seremos muito mais do que 10 milhões. Seremos ainda paixão, emoção, crença, determinação, perseverança. Seremos espírito de vitória . Seremos esperança. Todos juntos, de mãos dadas e corações unidos, a uma só voz".
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Mudança de discurso depois do empate com os EUA (2-2), à segunda jornada do Grupo G
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Depois de mais um resultado decepcionante, mas não mais do que a exibição, Cristiano Ronaldo alterou o seu discurso significativamente.
Depois do jogo foi entrevistado e surpreendeu os jornalistas ao afirmar: "Portugal nunca foi favorito. Aliás, basta ver pela nossa qualificação. Foi difícil desde o princípio." Ora, se o seu discurso fosse este desde a vitória à Suécia por 3-2 no derradeiro jogo do play-off, em que CR7 foi decisivo, talvez não se criassem falsas expectativas com uma selecção que só quem não quis é que não viu que era demasiado fraca e dependente de C. Ronaldo. Mas também muito por culpa da Comunicação Social portuguesa e, claro, do Paulo Bento, que deveria ser o primeiro líder do grupo.
E continuou o seu discurso "realista": "Temos que ser humildes e saber da capacidade que temos. Estaria a mentir se dissesse que somos uma selecção de topo. Ainda por cima, com a quantidade de limitações que temos tido, como os casos de Pepe e de Fábio Coentrão." Aqui, CR7 esteve francamente mal, pois "despreza" todos os restantes jogadores da selecção, exepto os companheiros de equipa que actuam ao seu lado no Real Madrid, Pepe e Fábio Coentrão.
"Há coisas que não se conseguem, como correr mais ou ter mais qualidade. Neste momento, há melhores selecções e melhores jogadores que os nossos". Sem dúvida, ele acertou na mouche! Mas isso não invalida as aspirações e o desejo de vencer numa competição deste nível. Ser Campeão Eropeu ou do Mundo é um sonho para qualquer jogador e não se pode tentar fugir à evidência de uma má preparação da selecção e de más escolhas por casmurrice de quem (Paulo Bento) insiste em não aprender com os erros.
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Há que ter a coragem para tirar a titularidade a quem já não tem pernas e dar oportunidade às esperanças de Portugal. Quem não está a 100% ou se encontra lesionado não pode tirar o lugar a outros jogadores que, embora sejam mais jovens e mais inexperientes, podem ter muito mais a dar pela selecção. O que se trata neste momento é que importa renovar esta selecção para a próxima competição que terá lugar dentro de dois anos - o Euro 2016, em França. E já não resta muito tempo.
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